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Brasileiros criam “YouTube descentralizado” com ajuda do blockchain
Ganhar dinheiro com vídeos no YouTube não é tão simples (ou lucrativo) quanto parece. Os produtores de conteúdo dividem os ganhos com a plataforma do Google. Um player de vídeos em que não houvesse barreira entre criador e usuário poderia ser a solução para tal problema — além de dar mais liberdade para quem posta o conteúdo. É isso que defendem os criadores da Paratii, uma espécie de “YouTube descentralizado”. Trata-se de uma plataforma de distribuição de vídeo baseada na tecnologia blockchain.
Em busca de novas ideias, o gaúcho Felipe Santana, de 23 anos, e o paulistano Paulo Perez, de 33, ambos funcionários da produtora Bossa Nova Group, começaram a pesquisar sobre o blockchain. Quando perceberam o potencial da tecnologia, levaram a ideia para a direção da empresa, que abraçou o projeto. Durante um ano e meio, a startup foi desenvolvida e incubada dentro da própria Bossa Nova.
O objetivo dos fundadores é dar mais poder aos pequenos produtores. “É uma pena que uma atividade tão bonita, como contar histórias, seja subvertida por uma cadeia cheia de interesses e intermediários”, diz Felipe Santana, um dos cofundadores. “Queremos que a Paratii seja o que a TV deveria ter sido e nunca foi: uma maneira de todo mundo consumir história dentro de casa.”
Os vídeos não estarão em um servidor único, mas, graças ao blockchain, distribuídos em uma rede peer-to-peer, como funcionam os torrents dedownloads de filmes e séries na internet. Ou seja, cada pessoa que assiste também ajuda na disseminação do conteúdo. Como recompensa, pode resgatar unidades de uma moeda virtual criada pela própria startup, o paratii. “Como não dependemos de servidores, todo mundo que está assistindo ganha, porque está compartilhando pedacinhos desses vídeos”, diz Felipe. A quantidade de paratiis que o espectador vai receber depende de fatores como o horário em que está assistindo, o conteúdo e frequência com que assiste.
saiba maisSegundo Edu Tibiriçá, CEO da Bossa Nova, a empresa resolveu apoiar o projeto quando enxergou o potencial de aplicação naquela indústria. “Nós queremos empoderar bons contadores de história e democratizar o acesso ao entretenimento. Ele tem um papel de transformação muito forte na sociedade”, afirma.
A empresa não tem fluxo de caixa, já que não há receita advinda de dentro do próprio sistema. A Paratii se manterá por meio de uma fundação sem fins lucrativos, que detém uma porcentagem das moedas a serem emitidas pela rede. Se essa moeda se valorizar, a companhia ganha os recursos necessários para seguir operando. Além disso, os fundadores estudam outros modelos de arrecadação, como serviços de streaming feito para corporações.
Quando a versão definitiva da plataforma estiver no ar, os criadores de conteúdo poderão escolher se querem deixar os vídeos de seu canal totalmente gratuitos, se colocarão anúncios ou se adotarão o modelo de assinaturas. Os pagamentos seriam feitos em paratiis e, depois, poderiam ser trocados por moedas tradicionais, como o real.
Nesta sexta-feira (08/12), uma versão teste da plataforma já estará disponível. Por enquanto, contará apenas com conteúdo da Bossa Nova — com destaque para o trailer de um documentário chamado “Around the block”, que aborda, veja só, a ascensão do blockchain. Já há, no entanto, uma página para entrar na fila e ser um dos primeiros a subir vídeos com a ferramenta. A intenção dos criadores é lançar a versão definitiva da plataforma entre março e julho do ano que vem.
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